Republicação: "Quer um brinde?"

no dia 5 de junho de 2011


Esse texto escrevi em abril de 2010, mas acho que está muito atual. Na falta de material novo e de tempo para inventar moda, vou mostrando de novo o que acho que vale a pena.
Boa semana!
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Quem, como eu, adora dar bater perna nos shoppings, feiras, exposições ou algo parecido, ao passar por uma banca cheinha de revistas provavelmente já ouviu alguém perguntar: "Quer um brinde?" Se você, principalmente mulher, que não resiste a um mimo, seja pago ou de graça, conseguiu dizer não e seguir em frente, fez ótimo negócio. Agora, se hesitou, olhou, mostrou algum resquício de dúvida que seja, só posso dizer uma coisa: se ferrou!

Eu sempre duvidei que algum ser humano tivesse o trabalho de sair da casa, montar um estabelecimento dentro de um shopping com aluguel caríssimo exclusivamente para nos dar algo de graça. Mas, mesmo assim, ano passado, no Evento Só Para Mulheres, no Centro de Convenções, em Goiânia, no auge do tédio de visitar a feira sozinha, resolvi desafiar minha própria paciência: eu disse sim! Não o fiz por ingenuidade, deixo claro, mas apenas para ver o que vinha depois. Também já adianto que me arrependi, pois nem pela experiência eu deveria ter feito isto. Minha vida mudou depois daquele sim, já que perdi quase uns 20 minutos ouvindo os mais improváveis absurdos de uma moça, uma suposta estagiária de um curso superior que não me lembro qual era.

Voltemos ao sim. Depois disso, ela perguntou qual revista eu queria. Eu, boa cometedora de gafes que sou, escolhi "Casa Cláudia", que é da Editora Abril (...pausa para riso...). A moça disse que tinha uma correspondente e me deu um exemplar seis meses atrasado de uma revista de arquitetura. Mas o pior estava por vir: depois de achar que tinha me dado um grande presente, ela começou a perguntar sobre meu cartão de crédito, e veio com um papo de que era estudante, que tinha cota para vender, que isto, que aquilo, que o que eu iria pagar era só uma contribuição (embora o preço fosse o mesmo daquele fora da promoção dela).
 
Fiquei deveras chocada quando ela, não conseguindo me convencer com tanta mentira acumulada, chamou um tipo de gerente que mais parecia um armário de seis portas, o qual tentou me convencer a todo modo a comprar a revista. Já fiquei me imaginando sendo levada para um quarto dos fundos, sendo espancada e interrogada com uma daquelas luzes no rosto, como nos filmes americanos.

Olha, do jeito que fizeram, eu assinaria facilmente uma revista sobre física quântica ou algo ensinando falar mandarim em seis aulas, só mesmo para me ver livre da coação. Mas, deixo claro que eu só estava mesmo fazendo um tipo de "perder tempo pra ver", não tenho hábito de comprar por impulso e já assino as revistas que quero.
Depois disso fiquei pensando: e quem não sabe como eles agem? Acho que é um tipo completamente desonesto de abordagem e que isto nem deveria existir nos dias atuais. O Procon não fiscaliza isto? E a Editora Globo, poderosa como penso que é, precisa mesmo dessa venda degradante da imagem dela própria para sobreviver? E esses vendedores, coitados, fazem treinamento com aqueles que vendem aspirador de pó nos Estados Unidos?

Não sei mesmo. Por via das dúvidas, não aceite esses brindes, a não ser que queira doar para reciclagem de papel.

*Ah, eu levei para casa uma revista velha, perdi meu tempo, mas não cedi.
 
 

2 comentários:

  1. Oi Clau,

    Incrível como as formas de persuasão desse pessoal de vendas está cada dia mais apelativa, e muitas vezes com informações confusas, incompletas, algumas omissões de detalhes importantes. O pior é que corremos o risco de cair, e depois para resolver é uma burocracia enorme, ou seria burrocracia? Atendimento péssimo, disposição para resolver o problema é zero.

    Quanto menos nos deixar cair nessas tentações de pseudo-facilidades, melhor! ;oD

    Beijos

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  2. Ai, Clau, eu ri de vc falando o q estava imaginando... É assim msm q acontece.
    Eu lembro q qd era do Ensino Médio fui a Bienal c/ a galera do colégio e já existia esse tipo de abordagem (incrível como ñ mudou nada esse tempo td).
    No nosso caso era mais fácil, falávamos assim: somos menores, ñ temos cartão! haha Eles faziam aquela cara de "ah! q droga!"

    Mas como uma apaixonada por Dto do Consumidor (uma apaixonada mt da relapsa, diga-se!), fico revoltada pela forma como os vendedores aproveitam-se dos consumidores mais vulneráveis!!

    Mt boa a sua colocação!

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